domingo, 6 de julho de 2014

O AVIVAMENTO É PRODUZIDO PELA PALAVRA DE DEUS





O AVIVAMENTO É PRODUZIDO PELA PALAVRA DE DEUS
UM REAVIVAMENTO RELIGIOSO LIDERADO POR ESDRAS (8.1—10.39)

Chegamos, agora, à seção que é muitas vezes considerada a mais interessante e desafiadora do Livro de Neemias, que abrange a nossa lição 09. J. SidlowBaxter intitula os acontecimentos dessa parte como "um retorno ao movimento da Bíblia". Muitas vezes, esses capítulos têm sido mencionados como o grandereavivamento e, certamente, eles têm todos os elementos de um verdadeiro despertamento:
(1) uma sincera atenção à leitura e à exposição da Pala­vra de Deus;
(2) um enternecimento dos corações, e a convicção do pecado sob o impacto da Palavra;
(3) o jejum e a oração, a confissão do pecado e o reconhecimento da justiça e da misericórdia de Deus; e
(4) um definitivo compromisso de seguir o caminho que Deus determinou.
Também existe aqui o retrato da alegria pela salvação, como visto em 8.10; porque a alegria do Senhor é a vossa força.

1. A Leitura e a Exposição da Lei de Moisés (8.1-12)

O cenário do capítulo 8 parece fazer alusão ao último versículo do capítulo anterior (7.73): "E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades". Quanto à importância religiosa do sétimo mês, Tisri, que corresponde a partes de setembro e outubro, veja Esdras 3. Podemos entender que, antes do período de treze ou mais anos em que morou em Jerusalém, Esdras já havia ensinado outras pesso­as, e assim prosseguiu. Neste caso, as pessoas já conheciam o significado das festivida­des que começavam com a Festa das Trombetas no primeiro dia do sétimo mês. De qual­quer maneira, Esdras entra agora em cena e, no início do sétimo mês, recebe dos líderes judeus a solicitação de ler o livro da Lei. Enquanto isso, uma grande platéia havia se reunido - formada por homens e mulheres - em uma área importante de Jerusalém para ouvir suas palavras. Foi erguida uma plataforma elevada para essa finalidade diante da Porta das Águas (3), cerca de quinhentas jardas ao sul da área do Templo. Com a ajuda de inúmeros levitas, que se postaram do seu lado direito e esquerdo, e depois das devidas cerimônias, ele se colocou perante o público e leu a lei desde a alva até ao meio-dia. Quando Esdras abriu o livro (5) ele, evidentemente, desenrolava um pergaminho e, com esse sinal, todas as pessoas se levantaram.
A maneira pela qual os levitas ajudaram Esdras não está muito clara. No versículo 8 ficamos cientes de que eles leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam com que, lendo, se entendesse. Parece que a leitura e a interpreta­ção foram feitas por muitos levitas; talvez, Esdras tenha lido em hebraico e os levitas sido incumbidos de traduzir ou parafrasear em caldeu ou aramaico, língua que havia se torna­do popular durante o exílio. Com algumas modificações, essa língua continuou a ser falada até os dias de Jesus. Em todo caso, era necessário fazer com que o significado fosse claro, e isso foi conseguido, pois o texto informa que todas as pessoas entenderam.
O primeiro resultado mencionado a respeito dessa leitura é que ela causou muita tristeza, pois tomaram consciência de que a lei de Deus havia sido infringida.Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei (9). Mas essa tristeza não durou muito tempo: "Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados" (Mt 5.4). Quando Neemias e Esdras viram que o povo estava arrependido e chorava, eles prova­velmente disseram: Não vos entristeçais, mas alegrai-vos porque Deus foi bondoso e perdoou o vosso pecado. Porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força (10).
Isso parece ser uma simplificação do processo pelo qual uma alma oprimida pelo pecado passa a entender a disposição divina de perdoar e, de repente, troca a sua triste­za pela alegria. Embora isso não demande um longo período de tempo, basta, entretanto, que exista uma completa sinceridade. Parece que foi isso o que aconteceu com aqueles que ouviram a leitura da lei feita por Esdras. A relação entre essa experiência e a poste­rior busca a Deus, descrita no restante deste capítulo, e também nos dois capítulos se­guintes, que estão muito ligados ao primeiro, também pode ser justamente questionada. Mas creio que a resposta reside no fato de que,além da experiência inicial do perdão, existe uma exigência subseqüente de obediência e de busca na alma que leva a um defi­nitivo compromisso com a plenitude da vontade de Deus para a nossa vida. Isso é repre­sentado, pelo menos simbolicamente, através da comemoração da Festa dos Tabernáculos (8.13-18), do jejum, da confissão dos pecados e do reconhecimento da bondade de Deus no capítulo 9 e, finalmente, na celebração da aliança no capítulo 10.
As belas palavras do capítulo 10: por que a alegria do Senhor é a vossa força, têm sido usadas como base para muitos sermões. Na verdade, a vida cristã seria uma melan­cólica rotina, se não fosse pelas fontes de alegria que sempre e, em pouco tempo, refrige­ram a alma (Is 41.18; Jo 4.14). Alan Redpath sugeriu quatro segredos relacionados à alegria para a vida cristã:
(1) a alegria baseada no perdão;
(2) a alegria que pode ser cultivada em meio à aflição;
(3) a alegria que depende da obediência a Deus e não de um bem-sucedido serviço cristão; e, finalmente
(4) a alegria que não depende das circuns­tâncias. "Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis" (Co 10.13).
Enviar porções (12) significa compartilhar com os menos afortunados (cf. 10).

2. A Celebração da Festa dos Tabernáculos (8.13-18)

No restante do capítulo 8 encontramos um relato da fiel celebração da importante Festa dos Tabernáculos. A expressão ramos de árvores espessas (15), provavelmente, significa "árvores frondosas". A importância dessa festa está explicada em Levítico 23.40-43. De acordo com a explicação do versículo 17, parece que essa festa em particular nunca havia sido celebrada, nessa ocasião, de forma tão perfeita, desde os dias de Josué, filho de Num (17). A maneira esplêndida como essa festividade foi comemorada nessa ocasião está aqui enfatizada, e não o fato de ela ter sido celebrada. Era provada a since­ridade do povo, que havia chorado e agora se alegrava com a leitura da lei. Eles caminha­vam na luz de forma obediente, e Deus era, por isso, glorificado. A solenidade da fes­ta... segundo o rito (18), isto é, "o término da festa que acontecia no oitavo dia de acordo com o costume" (Berk.).
No versículo 18, observamos que a leitura da lei era feita diariamente, desde o primeiro dia até ao derradeiro da festa. Isso nos dá a entender a importância e o valor da leitura da Bíblia Sagrada. A obra The Preacher's Homiletic Commentary, na matéria "Daily Bible Reading", apresenta quatro razões para o cultivo desse hábito, e quatro regras a serem observadas em sua prática. Devemos ler a Bíblia regularmente:
(1) "Por causa de seu infinito valor e preciosidade";
(2) "Porque ela edifica a nossa vida interior e espiritual - a vida de Deus na alma";
(3) "Porque todos os grandes avivamentos têm estado associados a um elevado respeito pela Palavra escrita";
(4) "Porque é através dessa Palavra que você será julgado".
Essa leitura deve ser feita:
(1) "Com reve­rência";
(2) "Com especial afeto e, em oração";
(3) "Com a dedicação de tempo a esta impor­tante e preciosa leitura"; e
(4) "Com o intuito de sempre manter em mente o propósito da Bíblia Sagrada", isto é, conceder a Deus a oportunidade de falar conosco através dela.

3. A Confissão do Povo (9.1-38)

A alegre Festa dos Tabernáculos havia chegado ao fim. Agora, era justo que as pessoas dedicassem mais atenção às advertências recebidas durante os vários dias em que Esdras recitara a lei de Deus. Depois de um breve intervalo, logo depois da Festa dos Tabernáculos, isto é, no vigésimo quarto dia desse movimentado mês, o povo retornou, provavelmente, a convite de Esdras para passar um dia em jejum e oração, e, em um profundo exame da alma.
Sob a liderança dos levitas (5), talvez com Esdras como seu principal porta-voz, eles relataram detalhadamente, as muitas ocasiões, através de toda a história de sua nação, durante as quais Deus providencialmente cuidou deles. Eles reconheceram que, apesar de sua rebeldia e dos muitos atos de desobediência, o Senhor havia sido extrema­mente misericordioso. Admitiram, livremente, que sua atual aflição se devia a seus pró­prios pecados e aos de seus antepassados. Foi somente pela grande misericórdia de Deus que eles não foram completamente destruídos (31). Em seguida, cheios de humildade, e sem implorar qualquer alívio de sua aflição, prometeram estabelecer um pacto de leal­dade e obediência, com a ajuda de Deus, para as épocas vindouras.
Era através desses remanescentes de Israel que o Messias, o Salvador do mundo, chegaria.Vemos, portanto, como foi importante que, depois de um longo período, aconte­cesse uma completa reconciliação entre Deus e o povo que Ele havia escolhido, apesar de toda a rebeldia e de todos os pecados praticados por este povo. Essas considerações também servem para realçar a importância dos dois grandes líderes dessa época, Esdras e Neemias. De acordo com as palavras de Ezequiel, eles estiveram "tapando o muro", ao trazerem a nação de volta para Deus e ao assegurarem a continuidade do movimento redentor. Isso tudo aconteceu em um momento em que, sob um ponto de vista exclusi­vamente humano, toda esperança de um reavivamento espiritual e nacional da nação de Israel parecia totalmente perdida. Embora o Templo já estivesse restaurado, sabe­mos que o coração das pessoas estava muito longe de Deus. Para eles, as Escrituras haviam se tornado um livro sem utilidade. As defesas de Jerusalém estavam em um estado tão deplorável, que seria impossível restaurar a importância dessa cidade como a capital da nação. Também, a prática de casamentos mistos com pessoas de nações pagãs parecia resultar em uma gradual absorção das famílias israelitas por outras nações vizinhas. Esse fato vem salientar a importância de seus atos no versículo 2: "A geração de Israel se apartou de todos os estranhos (ou "A raça de Israel se separou de todos os estrangeiros", Moffatt).
Parece apropriado pensar sobre esses acontecimentos e os dos capítulos seguintes (e 10), como uma representação, pelo menos simbólica, das mais profundas experiências religiosas dos cristãos. Os elementos que vimos nesses capítulos podem ser entendidos como:
(1) A convicção de uma arraigada tendência em direção ao pecado e à desobediên­cia;
(2) Uma sagrada tristeza e a confissão do pecado;
(3) O reconhecimento da santidade de Deus, manifestada através da justiça e da misericórdia em todos os seus atos para com os homens; e
(4) Um total compromisso ou consagração pessoal a Deus através da fé, na confiança de que, com a sua ajuda, é possível viver livre do pecado.
Também lhes deste reinos e povos (22) significa "distribuiu entre eles cada can­to da terra" (Moffatt). A frase: deste-lhes libertadores (27) pode ser entendida como "deste-lhes libertadores que os salvaram das mãos de seus adversários" (Smith-Goodspeed). A localização da declaração parentética no versículo 29 faz com que seu significado seja pouco claro. Podemos entendê-lo da seguinte forma: "Eles se recusaram a obedecer aos teus mandamentos... os quais, se um homem guardar, viverá" (Berk.).

4. O Pacto é Selado (10.1-39)

Na conclusão da oração registrada no capítulo 9 foi estabelecido um pacto de lealda­de. Vemos, agora, que esse pacto foi colocado em prática, selado (1), isto é, registrado oficialmente com um selo pessoal pelos seguintes representantes do povo:
(1) Neemias, o Tirsata, isto é, o governador, 1;
(2) os sacerdotes, 1-8;
(3) os levitas, 9.13; e
(4) Os chefes do povo, isto é, os líderes das principais famílias (14-27).
O resto do povo, os que tinham capacidade para entender firmemente aderiram... e convieram... num juramento, isto é, assumiram um juramento sob pena de serem amaldiçoados, de que andariam na lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor (28,29). Existem muitos nomes comuns de judeus nessa relação. Os mais conhecidos -Jeremias (2), Daniel e Baruque (6) - não devem ser confundidos com os homens impor­tantes que tiveram o mesmo nome, e que ficaram conhecidos através de outras passa­gens da Bíblia Sagrada.
Vários assuntos especialmente mencionados no pacto podiam ser particularmente aplicados ao povo durante esse período:
(1) casamento misto com pagãos;
(2) profanação do sábado;
(3) pagamento do imposto do Templo;
(4) fornecimento de azeite para o altar; e,
(5) atendimento às necessidades daqueles que ministravam perante o Senhor.
Essas necessidades deveriam ser atendidas através do pagamento de dízimos e da contribuição ao Templo por meio de todas as primícias de suas terras, e dos primogênitos dos filhos de todos os animais. Tanto em Esdras como em Neemias está evidente a necessidade de insistir na lei contra o casamento misto com os pagãos. Podemos entender que também havia muita negligência em relação ao sábado, à manutenção dos serviços no templo, e àqueles que ali ministravam. A esses assuntos também foi dada grande importância nos demais capítulos de Neemias (12.44-47; 13.10-12,15-22).
A oferta da lenha (34) pode ser explicada como "a ordem pela qual a casa de nossos pais, em épocas regulares, deveria fornecer madeira para as ofertas, levando-as até a casa de Deus, para ser queimada no altar do Senhor" (Berk.). Em todas as cidades de nossa lavoura (37), isto é, "em todas as nossas cidades rurais".
"Uma vida consagrada", diz J. Stafford Wright, "é uma vida prática. Assim como a obediência seguiu o arrependimento na restauração da época de Neemias, quando nos entregamos totalmente ao Senhor devemos, da mesma maneira, traduzir essa emoção em ações práticas".
Em relação à desafiadora afirmação final desse capítulo, assim não desampararíamos a casa do nosso Deus (39), a obra The Preacher's HomileticalCommentary nos dá quatro razões para freqüentarmos regularmente a igreja, e podemos parafraseá-las da seguinte maneira:
(1) Porque Deus ordenou que houvesse uma adoração pública, e esta é uma exigência de sua Palavra;
(2) Porque as manifestações da presença de Deus nos trabalhos da igreja fazem com que todo cristão verdadeiro deseje estar presente, a fim de não perder uma bênção espiritual;
(3) Porque é particularmente na adoração pública que os dons individuais do Espírito são manifestados; e,

(4) Porque o verdadeiro cristão considera a casa de Deus como o similar mais próximo do Céu.



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